sábado, 23 de março de 2013

A carta cuspida ou... o prato frio!

Que a saudade bata e você volte um dia, meu amor,
arrependido.
Pedindo de volta a vida doce que lhes foi oferecida,
o rabo entre as pernas e o choro contido, o coração derretido.

Mas, antes disso, quero que demore muito de ser visto
Que encontre alguém à sua altura
e que esse alguém meta:
Lágrimas de vidro em seus olhos fitos
beijos frios em seus lábios,
gozos falsos em seus ouvidos.

Para que quando você volte,
finalmente tenha entendido,
que até os persistentes precisam ser vistos.

quinta-feira, 21 de março de 2013

carta pálida para um poeta

acho que nem me lembro do cheiro-cravo deste poeta insosso incrivelmente louco, genial e simples.
Encontrei-o, em algum momento, cantando uma música sobre o assassinato do super-man, enquanto fazia poemas num bloquinho de notas feio e displiscente.
Me pedia que analisasse seus poemas, como se eu [ uma rosa boba e pálida] tivesse qualquer poder de critica, enquanto, entre um poema e outro, me passava, num papel do bloquinho, seu telefone e dizia: "me liga".
Ele nem se lembra.
Como bom poeta que é, fez de tudo alguns versos, fumou um baseado, tomou um drink e arranjou outra caneta.
Ainda assim, tanto faz, sempre que bebo uma cerveja: me encosto no muro e fico esperando um dèjá vu, que jamais virá.
E, ainda assim, sabendo que não virá, exatamente por saber que não virá, construo outros mundos, vivo outros cheiros e sonho outros sonhos. Que me contentam, me alimentam e me empolgam. Mesmo que eu jamais pare de olhar o meu celular, esperando um torpedo bobo pronpondo finais absurdos ao final da novela, um "boa noite", ou, simplesmente, uma questão de trabalho para ser resolvida às duas da manhã.
Ainda assim, essa saudade insaciável guardarei entre as minhas pétalas e suspiros, calada, prefiro.
Pois prefiro que jamais saiba, meu querido poeta, que essa carta é pra você, desfazendo, por isso, tudo o que disse, re-dizendo outra coisa, findando esse desejo infindo. E o faço pelo bem de minhas pétalas e pelo frescor de vossos versos.
E, sem mais, me despeço. 

quarta-feira, 20 de março de 2013

Carta para um passarinho

Como já diz o nome do seu ninho, é leve e manso. Um passarinho, tão belo, de aparência frágil, ideias fortes. Voa tão livremente, que me encanta.
Fala calmamente, toca tão doce e intensamente, sorri tão encantadoramente.
Faz com que eu queira ganhar asas, voar junto, sem tempo de pousar, sem gaiolas para voltar.
Só me ensina a voar, belo pássaro, que, de minha parte, me comprometo, a jamais tentar te encontrar uma gaiola pra pousar.

domingo, 17 de março de 2013

carta do depois

É você sair, as luzes se apagam, os suspiros se calam.
O calor vira frio, triste e vazio.
A cama, ainda com seus cheiro e suor impregnados, endurece, gélida e desconfortável.
Abre-se então, entre mim e o mundo, um abismo intransponível, movido por uma saudade pesada, perdida, indevida e sem solução.
Pesam os olhos, ardem as pálpebras.
Vontade de parar o tempo, de que três meses nunca passem, de que o teu sorriso nunca se afaste.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Feliz dia de luta!


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Agradeço a todos os homens de verdade, que nos parabenizam pelo nosso dia, vocês são poucos ainda, mas essenciais em nossas vidas. E, para as mulheres como eu, sinto a necessidade de dizer algumas palavras:

Hoje é dia de celebrar as batalhas vencidas, mas, principalmente, é dia de lembrar que a guerra está longe de ser vencida. Não falo pelos velhos, que já tem um pensamento formado, que já não vão mudar, digo pelos jovens, que insistem em nos machucar a cada dia. É contra eles que temos que lutar, para os jovens que ainda estão por vir, tenham uma nova mente sobre as mulheres.

Hoje é dia de lembrar que homens jovens, entre 20 e 40 anos, ainda estupram suas namoradas, amantes e mulheres, dentro de casa, ainda as violentam e que isso acontece independente de classe ou nível de instrução. Dia de lembrar que eles ainda se acham no direito de estuprar uma mulher com roupas curtas e que sua pena na cadeia será atenuada a depender das nossas vestimentas. Que eles ainda se acham no direito de tentar nos agarrar em festas e nas ruas.

Hoje é dia de lembrar que ainda ganhamos menos, que ainda pagamos ingressos mais baratos nas festas, que ainda levamos jornada tripla de mãe, dona de casa e profissional, contra uma jornada no máximo dupla dos maridos. É dia de lembrar que ainda nos olham atravessado quando ocupamos cargos de chefia, perguntam “onde está o homem?” como se não fôssemos capazes de ocupar aquela função.

Hoje é dia de lembrar que ainda somos tachadas de “vadias”, se gostamos de sexo, se não somos pudicas, se escolhemos os homens com quem queremos nos deitar. Que, sobre nós, ainda paira o medo de ficar “mal faladas”, o medo de ir pra cama na primeira noite, o medo de ser mais experiente que o homem, e o medo dizer que, simplesmente, não está afim hoje.

E por isso tudo é que agradeço a todas as flores, e frases de parabens mas lembro que precisamos nos unir ainda mais, para vencer de vez essa difícil guerra!
E que façamos isso sem endurecer jamais! Sem querer se sobrepor aos homens, apenas procurando o lugar da igualdade e da fraternidade entre os gêneros.


Feliz dia internacional da Mulher!