sábado, 25 de maio de 2013

Estar bolinha verde ou não, eis a questão. (rascunho #2)

Experimentei passar duas semanas sem nunca estar bolinha verde, para ver como era. Pensando bem, cheguei a algumas conclusões:
Estar bolinha verde quer dizer disponível e ao mesmo tempo, menos.
Trata-se de uma disponibilidade precária e momentânea. Você pode não estar disponível daqui a pouco, por isso devo iniciar uma conversa agora.
Sem bolinha verde, você deveria estar indisponível, mas, ao contrário, é como se estivesse sempre online, a qualquer tempo, é só mandar a mensagem porque, assim que você puder, você vai ler.
Com bolinha verde as conversas necessariamente começam com um "oi" seguido de um "td bem?" e sempre devem terminar, encontrar seu fim, normalmente demonstrado por um "beijooo" ou, simplesmente, "bj".
Nada pior que recomeçar uma conversa no dia seguinte vendo que a ultima palavra trocada foi "bj", que a conversa de ontem está encerrada. É como se recomeçar uma conversa exigisse uma certeza de que você realmente tem o que falar, ou ela vai parar no "td bem e vc?".
Esperar estar bolinha verde para conversar é também ficar bolinha verde o dia inteiro, para ver se a outra bolinha se enverdece.
Sem bolinhas verdes, estamos numa conversa eterna, que vai direto ao ponto e, no lugar do oi, começa com "partiu cervejinha mais tarde?", ou "saudades", sem começo ou fim, uma conversa infinita, continuada a cada dia. Se você tiver uma unica coisa para dizer, não tem problema. Amanhã você diz mais, ou mais tarde, tanto faz.
A conversa sem bolinhas verdes é para os íntimos, é mais carinhosa e mais verdadeira. A conversa com bolinhas verdes é protocolar, fria, vale menos à pena.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Reflexão sobre bolinhas verdes (Rascunho #1)

Há qualquer coisa pior que ver uma bolinha verde ao lado do seu nome: Te ver do outro lado, exatamente na frente, e ter que dividir o olhar entre toda a roda, como se não houvesse uma pulsão de te olhar sem parar; fingindo que não há uma porção de coisas para dizer ao pé do ouvido ou uma porção de poemas a fazer com as mãos, feito carinho.
É como saudade, só que pior.
É como paixão, só que proibida!

quarta-feira, 22 de maio de 2013

conversa entre ímãs ou carta para um meteorito

Aquilo que o polo norte de um ímã diria para o seu polo sul

Não. 
Eu não me senti atraída por você.
Atração a gente sente por quem não conhece, você eu nunca tinha visto, mas conhecia desde sempre.
Atração, quando a gente sente, fica sem saber onde pôr as mãos ou como chegar perto.
Nosso primeiro olhar já foi abraço; a primeira dança, beijo.
Não.
Eu não me sinto atraída por você, porque aí eu estaria dando nome a algo que não tem forma, é impalpável e não tem cheiro.
Algo que só eu sinto e talvez só você entenda.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Conto de um Corpo

Texto escrito em 2006, quando eu tinha 16 anos. Um tanto quanto mais moralista do que se fosse escrito hoje, mas melhor do que eu mesmo imaginava que pudesse escrever nessa idade. Achei que valia à pena postar.



"Conto de Um Corpo

Parte I

Levantou-se. Pegou um baseado e acendeu. Deu uma tragada profunda. Aquilo o tranquilizava profundamente. Olhou em volta e viu aquele corpo magro, pequeno e frágil, mas não conseguia ter ideia do que havia feito ou que havia acontecido. E, de repente, já devido ao efeito da maconha, não tinha sequer noção de quem era e muito menos do nome do corpo que jazia ao seu lado. Preferiu não pensar. Dedicou-se ao seu Baseado, sem pensar muito no quarto bagunçando, no sangue na parede e no silencio do quarto.
Deu mais uma tragada profunda.
Passado algum tempo, a maconha acabou e sentiu vontade de dormir. Mas a curiosidade o irritava. Deitou-se onde estava e tentou dormir, na esperança de que a verdade aparecesse...

Enquanto isso, ali perto, Rafael recontava para si mesmo todos os fatos do sumiço de Victor. Tentava usar de sua habilidade para entender o que acontecera ao seu namorado. Tanto tempo. Não conseguia descobrir onde poderia estar.
Tinham discutido, três dias atrás.
Mas nada demais. Talvez estivesse passando por algum outro problema que não quisera contar.
Pegou um copo de uísque e tomou calmamente. Lembrou-se com carinho do corpo magro, pequeno e singelo de seu amor. Não, tinha que pensar nisso depois. Tinha que encontrá-lo, agora, sabia que havia algo de muito errado.
O telefone tocou.

- Alô. – Disse ele, com pesar na voz.
- Rafa, é a Ana. Como vão as coisas?
- Do melhor jeito possível.
- Eu tenho notícias.
- Tem?
- Sim. – Disse ela, com ternura, tentando passar um pouco de alegria.- O Fábio perguntou em vários lugares e parece que ele passou de moto por uns postos, numa estrada secundária perto daqui. Tudo indica que tenha ido até a cidadezinha à qual dá a estrada.
- Ai... Santo Fábio! – Disse ele, quase eufórico. – Podemos ir até lá?
- Sim. – Respondeu Ana com o tom tão carinhoso de velha amiga da família, quase irmã. – Passo aí com o Fábio em trinta minutos e podemos ir procurá-lo, ok?
- Sim. Me arrumarei para isso. Beijos, amiga.
- Beijos para você também. E tenta ficar o mais calmo possível.
- Tentarei...

Parte II
Seguiram pela estrada esburacada. Já eram três horas da tarde e logo começaria a escurecer e, numa estrada tão vazia e mal iluminada, seria difícil continuar.
Rafael dirigia sério e preocupado.
Queria realmente saber o que aconteceu. Seus pressentimentos não eram nada bons. Perguntaram a uns e outros e realmente concluíram que ele devia ter ido até a cidadezinha, mas que faria lá?
Não fazia sentido.

No quarto, ele acordou outra vez. E o corpo ainda estava lá. Já havia se passado um dia inteiro e começava a escurecer, outra vez. Não sabia o que tinha feito. Lembrava-se daquele corpo, andando pelas ruas da cidade. Lembrava-se também de algum caso de esquizofrenia, ou loucura. Lembrava-se de uma briga sua, com alguém que amava. Não, não conseguia organizar as ideias. Quem era aquele corpo que havia fugido da cidade para cá por loucura, por achar está sendo perseguido por um fantasma e como acabara morto, ali, ao seu lado? Não conseguia explicar, e olhou mais uma vez em volta. Percebeu que, por algum motivo, conhecia mais o corpo do que aquele quarto. Sentiu que precisava de alguma coisa, mas não sabia onde encontrar. Encontrou alguns comprimidos de sonífero que pareciam ter se materializado ali, naquela hora, pois jurava não tê-los visto antes, mas estava tão confuso que não era capaz de entender nada além do pouco que tinha em mente. Pegou uns três comprimidos e tomou-os à seco pois não conseguia se imaginar levantando dali para procurar nada. Não se sentia e, na verdade, não tinha muita ideia do que poderia ter acontecido...
Sabia que também não era dali. Na verdade, nem sabia onde estava. Como poderia saber que não pertencia ao lugar? Lembrou-se de momentos felizes, com amigos, muita cerveja e maconha, como precisava de um baseado agora...
Sentiu aquela felicidade atingir fundo o seu peito e agir como se não pertencesse mais a ele. Como isso seria possível? Não fazia sentido. Lembrava-se agora também de sua infância, e agora parecia que havia sido nessas terras. Sentiu-se mais familiarizado com o lugar, embora não conhecesse o quarto. Viu-se brincando no frio de uma manhã de inverno. E achando seus amigos muito bonitos de moletons. Lembrou-se de sua mãe o repreendendo, e seu pai o castigando por chorar e por andar de mãos dadas com um menino... Sentiu seus olhos arderem, lágrimas rolarem. E, de repente, lembrou-se da historia do corpo à sua frente. Lembrou-se de que ele viu um amigo imaginário que o garantiu que, ao chegar aqui, encontraria seu namorado com outro. Lembrou-se que ele se sentiu louco brigou com o namorado e seguiu de moto para cá. Lembrou-se que o corpo havia também chegado àquele quarto, fumado maconha, tomado uísque e, por fim, em meio à sua loucura e após uma séria discussão com aquela alma imaginária, havia encontrado uma arma. Só não entendeu como ele tinha aparecido na história... Não sabia, mas lembrou-se do tiro no peito e este doeu como se fosse nele. Sentiu vontade de um pouco mais de comprimidos e, quando os foi pegar, sentiu que os outros começavam a fazer efeito, enxergou mal, viu as coisas escurecerem e, de repente, tudo apagou.

Parte III

Anoiteceu e eles tiveram que parar um pouco. Rafael queria chegar logo à cidadezinha, mas Ana o convenceu de que não adiantaria muito já que, sendo a cidade pequena, não conseguiriam nenhuma informação àquela hora. Pararam num hotel de beira de estrada e combinaram de partir assim que amanhecesse e assim fizeram.
Chegaram, por fim, à cidadezinha. E logo entraram num barzinho que já tinha seus feirantes e vaqueiros passando para tomar uma tragada antes da feira.
- Bom dia. – Disse Rafael, ao lado de Ana e tentando parecer calmo.
- Dia, moço. – Disse o homem, que atendia no balcão.
- O senhor viu esse homem por aqui? – Disse ele, mostrando uma foto de Victor.
- Vi sim, senhor. – Disse o homem. – Ele alugou uma casa a uma légua daqui e passou perguntando como chegar lá, tem uns três dias. Mas não apareceu mais por aqui, não senhor.
- Obrigado. – Disse Rafael. Homem alto e charmoso que era. Esbanjando beleza e originalidade com seus 28 anos tão bem traçados. Agora estava perto, encontraria seu grande amor embora, em seu íntimo, soubesse que não teria boas notícias. Sentiu-se um pouco nervoso, sentou-se um pouco e pediu um café. Ana percebeu que ele não estava bem e encarregou-se de pegar explicações de como chegar à casa e decidiu que ela dirigiria até lá.
E assim, fizeram.
Ao chegar às proximidades da pequena, isolada e peculiar casa, sentiram o cheiro forte de podridão. E Rafael sentiu seu coração bater disparado. Ana viu seus próprios olhos enxerem-se de lágrimas ao imaginar o que poderia ter acontecido ao seu amigo de tantos anos. Pediu a Fábio, que estava no banco da frente, ao seu lado, para abrir o portão para que pudesse entrar.
Logo que entraram puderam avistar em outro canto a moto de Victor largada no lado da casa. O cheiro era muito forte. Bateram na porta, na esperança de serem atendidos.

Ele acordou escutando a porta bater. Tentou levantar-se, mas era incapaz de sentir o próprio corpo não sabia bem por quê. Faltava-lhe voz, também. Esperou que arrombassem a porta porque finalmente, então, saberia a verdade. Ouviu uma voz “Victor abra essa porta, sou eu, amor!” Meu Deus. Era o Rafael que o havia encontrado. Como ele sabia quem batia à porta? Que bom, estaria agora protegido pelo homem de sua vida. Por fim viu a porta arrombar-se e sorriu para que Rafael corresse para ele. Mas Rafael não o viu. Correu para o corpo magro no chão. E disse, chorando.
- Victor, meu amor. Como pode suicidar-se?
Suicídio, como assim? Ele estava ali, não era ele naquele corpo! Conseguiu levantar e percebeu que estava invisível. De repente, visualizou o rosto do corpo. Meu Deus. Era ele que estava ali, MORTO! Como podia, se sentia-se quase vivo? Lembrou-se então que ele tinha dado o tiro. E, ao mesmo tempo tinha sido um suicídio. Viu a arma nas mãos do corpo. Concluiu com pesar que estava morto. E, pelo seu namorado e pelo casal de amigos que tanto amava, nada podia fazer. Queria dizer-lhes que estava bem, que amava Rafael, que não queria ter morrido sem dizer-lhe isso, que não queria esquecê-lo. Não queria ter acreditado naquela alma maluca, que fez voltar à sua terra de origem. Agora entendia porque conhecia mais o corpo que a casa embora esta tivesse sido sua, em outros tempos, com outras formas. Amava a todos aqueles que choravam sua morte e, tinha certeza, as drogas tinham grande culpa no acontecido. Mas não adiantava mais nada. Estava morto, isso era fato. E, contra fatos, não há argumentos...".


terça-feira, 7 de maio de 2013

eu x amídalas

Sei que pessoas e Amídalas costumam nascer juntas, mas, no meu caso, teimo em prensar que algo de estranho aconteceu.
Alguém de nós nasceu antes, temos signos diferentes, o santo não bateu. Vivemos num eterno cabo de força, eu tentando dominá-las, elas, bem "leoninas" (principalmente a direita) se mostrando indomináveis.
Me sinto meio que o estado de Israel, enquanto elas são o estado da Palestina.
Eu de cá bombardiando de remédio, elas, de lá da minha garganta, lembrando que parecem pequenas, parecem não servir para nada, parecem frágeis, mas são capazes de destruir minha felicidade.
Triste fim...