A algum tempo tenho refletido
sobre aquelas comidas que temos referência como as nossas preferidas. Venho
sempre percebendo que elas têm uma ligação com aquilo que almoçávamos aos
domingos.
Kaspar Hauser, no filme do
Herzog, preferia pão seco e água a uma sopa, porque era aquilo que lhe tinham
oferecido por toda a infância. Eu, do meu lado, adoro o cozido da carneiro da
minha avó, o carreteiro, o arroz com galinha e o macarrão parafuso com lingüiça
da minha mãe, além do churrasco do meu pai; aos domingos e sábados a tarde,
gosto de comer bolo quentinho com refrigerante sem gás que sobra do almoço e às
5h da tarde, gosto de sentir cheiro de chimarrão, cuscuz e café, mesmo que vá
jantar iogurte ou miojo.
Cada um com suas memórias de
paladar e olfato percebi – observando as minhas - uma que me parece um tanto
peculiar e especial, o gosto pelas pizzas de supermercado.
Morando em uma grande metrópole,
aprendi a comer pizza de sabores que nem imaginava, aprendi a comê-las com
azeite, sem Catchup e sem mostarda. Dentre tantas pizzas de qualidade, em forno
à lenha ou pedra mineral, quase não me lembrava das pizzas de supermercado.
Até que hoje, fui ao mercado, a
fila enorme, a fome batendo e decidi comprar uma e não era de caixa da sadia ou
perdigão, era aquela do mercado mesmo, numa bandejinha de isopor, com plástico por
cima e 4 fatias de salame.
Aqueci por alguns minutos no
forno e pronto, eis ali o gosto sublime da saudade da infância da família e de
casa. A pizza mais gostosa, por que era a pizza que comia nos domingos em que
meus pais iam fazer compras no mercado. Um almoço rápido, para aquecer ao forno
enquanto guardávamos as compras no armário. Almoço com gostinho e encanto que
só temos na infância. E, portanto, por mais que sem requinte, um dos almoços
favoritos e mais amados.
Viva a pizza de supermercado!