quarta-feira, 24 de abril de 2013

A Borboleta

Hoje eu acordei com uma borboleta no estômago
Ela já mora aqui faz uns seis anos
Tem dia que dorme
às vezes ano.

De vez em quando ela acorda
Batendo as asas feito criança,
Querendo voar não sei pra onde
Tem dia que até parece que voa
voo de ida, sempre com volta.

Cada vez que volta,
volta grande
maior que antes.

Tanto bater de asas, incomôdo, não sei pra quê;
se o destino é sabido
bater, bater,
borboletar (sem saída)
até morrer.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

em tempo!



O tempo, sim, o tempo, resolve tudo.
Bem verdade que ele demora,
chega sempre atrasado
um Godot que chega
mas só quando já se está desesperançado.

O tempo, meu bem, resolve tudo.
Até aquilo que não parece ter sentido,
a dor do desejo infindo,
proibido.

O ciume mal colocado
e também, o desejo reprimido.

Confia tua dor ao tempo
o resto
é resto
finito
do infinito.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Solilóquio do eu para o espelho

Eis-me aqui, parada, diante do espelho.
Os cabelos bagunçados, eu analisando os meus próprios traços.
Aos 23, as rugas (que virão!) ainda não se fazem aparecer, ainda assim, já é possível ver o caminho que farão para chegar.
Bem ali, pertinho das olheiras, cada vez mais fundas, seja por conta da rinite, ou pelas noites mal dormidas resultado de muito trabalho e estudo, ou pelas dores de amor, que incomodam o meu sono, feitos vermes nas entranhas, feito borboletas no estômago.
Eis-me aqui, frente ao espelho e ao pior de tudo, frente a minha própria imagem.
Feia, entristecida, insatisfatóriamente pequena, pouco sedutora, pouco instigante.
A musica ao fundo, num francês africano diz: "je serais la plus belle, pour toi mon amour". "Mon amour", quem será? Existe? chegará qualquer dia desses, me colocará no colo e enxugará minhas lágrimas?
Tanto faz.
O celular toca.
Não.
Não é uma ligação importante.
Trata-se do despertador, lembrando que a vida está viva lá fora, apesar de gélida aqui dentro.
Lembrando que é hora de ir.