segunda-feira, 13 de setembro de 2010

suspiros em uma biblioteca

A menina estava nervosa.
Embora estivesse quase se formando, vinha de uma universidade pequena, onde se dizia que livro quer e o bibliotecario ia lá, pegava e entregava, sem problemas.
Mas, trocando de faculdade e de cidade, trocaram-se também as dimensões das relações, dos modos de se vestir e pensar e também, claro, dos modos de se pegar um livro numa biblioteca.
O fato é que lá estava ela, na biblioteca. Deu a localização do livro ao bibliotecario e ele disse, docemente: pode ir lá, segundo andar.
Ao subir, deparou-se com estantes tão grandes que pareciam infinitas. Corredores estreitos, cheios de livros. Haviam placas com numeros. E o codigo de localização anotado num post-it em sua mão, era algo incompreensível.
Decidiu então que os tres primeiros numeros daquela localização eram os tres numeros indicados na placa e pronto! E se não fosse? Paciencia, ia passar a ser e ela ia encontrar o livro.
Depois de quase 10 min andando, finalmente achou a estante dos livros de 700 a 1000.
agora precisava achar o 792. Encontrou entao duas estantes com livros 792! oh, meu deus!
Deve ser a hora de usar os resto do codigo localizador, pensou.
E assim fez. E começou a procurar. Parecia ter finalmente entendido a mecanica da coisa e começou a suspirar tranquilamente, pesquisando como se ja tivesse feito isso infinitas vezes.

Contudo, depois que olhou livro por livro cinco vezes e, justo aquele parecia não estar lá começou a ficar novamente nervosa.
Não! Precisava nao ser tao ignorante e encontrar um livro na estante. E decidiu procurar mais um pouquinho.
Ao fim de meia hora, desistiu!
"chega, vou até o moço, vou pedir ajuda, paciencia", disse ela. E suspirou profundamente, fazendo o caminho de volta.
Ao chegar lá no balcão, sofrega e envergonhada, contou que não havia encontrado o livro. A mulher que atendia ao lado disse então:
- Vê se não está aqui embaixo! , apontando uma estante atrás de si.
Foi então que ele procurou em uma estante pequena, atrás dele, onde tinham alguns livros que ela deduziu serem os livros recém-devolvidos.
E finalmente, ele encontrou o tal livro.
A menina suspirou novamente feliz. "Não sou tão anta assim", pensou consigo mesma e sorriu, indo embora sem que o balconista nada entendesse.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

SUSPIRO

                                       mon cri muet et mon silence


Teus olhos; lágrimas.
Teu peito; desespero.
Teu toque gelado,
Teu beijo quente.
Meu rosto; medo.
Meu beijo; Saudade.
Tua distância mínima.
Nosso desejo; máximo.

Cada toque disfarçado,
Cada sorriso tímido,
Distraído e sem graça,
Valia talvez um beijo,
Mais que isso:
Uma lágrima.

domingo, 5 de setembro de 2010

Conto Bobo de Rosa Pálida

O inexorável dói nas entranhas daquela que se recusa a assumir um mal secreto.
Cheio de lágrimas e reticências, duvidas algozes que destroem o construído, sem perceber, distraído.
No fundo a esperança pálida ainda existe. Sonhando ser acordada por um toque que arrepie, aproxime e embranqueça ainda mais a rosa agora pálida e vestida.
Contudo a esperança não passa de um sentimento parco. Que não se fundamenta, não se teoriza, não se realiza.
Há apenas a memória de um cheiro estridente, alguns toques e um desejo outrora persistente.
Uma duvida, dada por uma respiração que se deu, a mais ou a menos.
Mas a Rosa, que sonha ser desnudada, não fará nada.
Ainda que houvesse provas, possivelmente, não faria nada.
Porque o mundo é pequeno, a vida é curta.
A Rosa é pálida...

Poema da Aurora

7 horas da manhã que parecem 6.
É frio, começa tarde o dia.
sons de pássaros, luz pela janela que, mesmo fechada, permite per-passar o frio.
uma esperança que novos dias virão a domina.
seria a felicidade por vir?
não. Seria a felicidade que já está aqui,
em carne viva.
Compreendia.