sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Carta pálida para um poeta II (o déjà vu do déjà vu)

Para você, meu poeta, e para tanto amor em "desabrocho", tranformo minhas pétalas - despedaçadas - em pálidos, parcos e secretos versos.
Ainda que jamais os leia, saberei secretamente [e em silêncio] que eles representam nossos desejos, nossos caminhos e nossos beijos.
Asseguro-te, prefiro, que é nos nossos suspiros e gritos que acordarei pensando aos domingos. Olhando para a esquerda, imaginarei suas costas largas, seu corpo cansado, dormindo. Os óculos sobre o laptop, o cachecol no cabide e, na mesa, as taças com vinho tinto.
O déjà vu do déjà vu que finalmente chegou.
E afora tantos istos, de um amor mais que secreto, íntimo, guardo, aqui, apenas uma certeza: a de que, não importa quantos corpos e ou histórias nos perpassem ou o quanto o tempo e a geografia nos afaste, haverá, para nós, sempre um déjà vú no "por vir" que, no seu devir, secretamente, planeja nos dominar e nos transformar em gritados suspiros e sinceros versos.
Sem mais, me despeço.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

tatoaprendizagem

"Fico pensando que seria bom se a gente pudesse aprender pelo tato.
uma mordida na orelha e se aprende uma equação matemática,
um carinho no pescoço, advinha, aprende-se sobre literatura romântica.
Num aperto de mão já se escreveria um poema.
num abraço, um ensaio
num beijo, uma trilogia.
uma osmose por poros
aula com cheiro.
quem sabe um dia"

sábado, 10 de agosto de 2013

neurônios em nó

Cafeteira. Sacarrolha, taças. Aspirador de pó.
Status: carregando.
Som de nova mensagem: "o seu amor acaba de entrar". Chuva de bolinhas verdes. O que falar?
Não lembro se suas lentes eram transition!
Se usa lavanda ou perfume.
Roupas vermelhas?
Tira a roupa que é melhor!
pausa. ela está digitando.
Café ou suco?
Uma cerveja, bem gelada, veja só!
smile sorridente.
ele está digitando.
tenho que ir.
pausa.
também tenho.
beijo aqui.
beijo aí.
até lá!
só mais uma coisa?
pode ser bolo de xícara?
pode.
cheiro no coração.
outro então!

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

e se ...?


Lá se vão mais algumas noites de frio e solidão nessa cidade imensa
cheia de cimento e dor
cheia de fumaça e fuligem pela casa
uma festa aqui, outra acolá,
Nenhuma como a nossa,
nenhum cheiro como o teu.

Lá se vão mais alguns dias de alergia e tosse,
Algumas noites de vontade estranha, indevida e louca de te ver.
Faz tempo que, de vez em quando, me vejo acordada no meio da madrugada:
o estômago borboletando,
me encosto na parede e espero o déjà vu do déjà vu.


Lá se vão tantas noites em que os rumos nos tornaram tão distantes
nossas escolhas nunca se esforçaram em nos unir.
Mas lá se vão mais algumas noites em que acordo e me pergunto:
e se ...?