quarta-feira, 9 de novembro de 2016

A Dita___

primeiramente,
(silencio)
segundamente...
cale-se
pessoalmente,
vomito o cálice
e grito
é dureza a dita
é dura
eu sinto.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

As vezes é preciso transformar o medo em palavra
O silêncio em texto
A ânsia de ser a perda
O tempo que se perde todos os dias
O desejo insaciado de ser
Misturado ao desvalor a tudo o que é concreto.
Você já se perguntou isso? Outro dia eu pensei que se ser fosse tão fácil, seria mais fácil de alcançar.
O concreto é só aquilo que somos obrigados. O resto é desejo.
É vício, paracetamol e um cochilo com pesadelos.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Receita para sorrir mais

Tenha bons papos, de preferência, papos que te façam rir. Além de fazer rir, funciona bem quando estes forem intermináveis.
Para noites em claro, papos intermináveis funcionam muito melhor do que lágrimas.
Papos intermináveis, aliás, são ótimos para te expulsar de um bar (porque o garçom não aguenta mais) numa segunda-feira à noite, por exemplo.
E papos intermináveis tem uma vantagem final: sempre sobram e, sobrando, sempre são motivos para o papo de amanhã.
E, se você ainda não se convenceu, lembre-se da dica: papos intermináveis criam tesão intelectual. Você sabe a diferença do tesão físico para o tesão intelectual? Vou explicar! O primeiro cresce em progressão aritmética, enquanto o segundo, em progressão geométrica. Nesse sentido, não me venha com mimimi: somar é bom, mas multiplicar é IN-CRÍ-VEL.

terça-feira, 24 de maio de 2016

Silêncio

Na denúncia calada pelo medo,
No ciúme calado pelo desejo
No grito silenciado por aquele que me aponta o dedo.

De tudo, emudeço.

O grito que volta boca adentro,
No meu âmago,
Carcome as entranhas e entristeço
Silêncio. 

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Tempos Adversos

Em tempos obscuros
A palavra não vira verso
Dislike vira gesto
Não acho gif
Nem meme
Só o grito
E o vomitaço
Disputando espaço com o silêncio
Da hashtag.
De todo modo,
Que tudo isso
Vire música
Vire verso
E que sirva para a luta
De quem não se cala
Aos tempos adversos.

terça-feira, 10 de maio de 2016

O que é um corpo?

meu corpo é tudo.
Quando me perco, procuro
no cheiro, no pelo, na cor e no cabelo
persisto.
o que é este corpo à frente do espelho?
desisto?
insisto
antes de tudo, é meu.
na dor, na doença, no suspiro
na insônia e no desejo.
eu cuido?
agradeço?
muitas vezes esqueço.
o que é um corpo?
digo,
o que é o seu corpo?
O que é o meu corpo?
Onde percebo que sou eu e não o outro?
Onde deixo a capa de revista, o desejo infindo e olhar triste?
Não sei onde começa, se na ponta do cabelo ou na unha do pé.
meu corpo é meu e, quando percebo,

só por isso, emudeço.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Reflexo

Já faz tanto tempo que ainda é hoje.
Já foi tanto, que parece ontem
Difícil medir tanta infinitude num suspiro,
sei que caibo onde me perco
te acho, onde me esqueço
decerto terá volta,
ou fim.
Importa que quando me esqueço, me lembro

o mantra nunca chega ao fim.

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Noite maravilhosa

a noite maravilhosa
é silêncio, encaixe e respiro
feito doce, é sonho e suspiro.
é carinho, delírio.
um sorriso, sob a luz da lua,
mordiscado
ao pé do ouvido.

sábado, 23 de abril de 2016

O TEMPO DO TEMPO



É difícil demais aguardar o tempo do tempo.
Às vezes lento
Às vezes parece nunca chegar
Sou sempre dona de tentar passar à frente do tempo,
sei lá.
Não costuma funcionar
Mas demorarei a aceitar
O tempo que o tempo leva
Pra ser.

terça-feira, 19 de abril de 2016

Medo de ser

A menina e o menino estão sentados na areia olhando o mar, em silêncio.

- Você tem medo?
- Sim, já tenho tido. Mas não é medo de perder, é medo de ser.
- Como é medo de ser?
- Medo de perder é o que você sente quando já perdeu. Medo de ser, é quando você se dá conta que talvez nunca vá perder. Nessa infinidade do finito do infinito do ser, nesse buraco negro que se abre quando estou com você, é que vem o medo. Medo de ser. 

terça-feira, 22 de março de 2016

Ponto (II)

Onde está o ponto final do ponto último do ponto sem nó que me absorve?
Pontos são sempre marcantes pontuais
Encerrado rés.
Eu escrevi sobre o ponto exato que Olhamos. Já faz dez anos.
E o ponto do ponto do ponto,
Mesmo final, não se apaga
Deve ter sido escrito a caneta esferográfica.
E a borracha daquelas que nunca apagaram nada.
E quando o ponto foi dado antes do ponto, marcando uma pausa? desnecessária.
Odeio pontos
E quando os quero, também não os encontro.

sexta-feira, 11 de março de 2016

suspiro

Queria dizer aquilo que não posso
Ou nomear aquilo que sinto
E o que não.

Às vezes a gente ainda não sabe.
Só suspeita que sente

E a suspeita convence.

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

A rotina


À noite, um analgésico
De manhã? Enérgico.
À tarde, café preto
Corpo não dói e não descansa
Corpo funciona
Há quem gosta da rotina
Há quem se a - nula e definha
Tem gosto pra tudo nessa vida

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Nude aqui nude acolá

Poema dedicado à minha personagem Beatriz de Ex.troll.gênio :)

Nude aqui, nude acolá.

Não deveria jamais ter apagado aquele nude
Tantos nudes me mandou
Mas o medo de ele tá lá na hora de mostrar a foto da pascoa à minha avó…
Deveria pra sempre emoldurar aquele nude
Sua rigidez, sua paleta de cores…
Única.  
Tantos nudes já recebi.
Nenhum tão marcante como a madrugada cinzenta em que me deparei com aquele. …
Aquele…
Nude seu.
Agora a gente tá brigado e eu não sei como resolver.
Só queria um jeito de dizer:
Manda um nude aê
S’il vous plaît. ..

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Sobre o tempo

Não há tempo
Tem sempre a roupa pra lavar e pra escolher
E o evento para ir
A louça
A louça
A louça
O livro pra terminar e a mensagem que
Não para
De chegar
A roupa 
A roupa 
A roupa
Suja
Não há tempo para ganhar o dinheiro que precisa
Não já.
Não há tempo pra vida
Ou não há vida na falta de tempo
E o que há?