Ontem, enquanto cozinhava, me dei ao direito de ver porcarias na TV.
Já estava eu indignada com o fato de o autor ter matado a única oponente do sujeito na melhor (mesmo sendo péssima) situação dramática da novela, ou seja, destruindo a situação dramática.
Foi quando, para minha surpresa, acabou a péssima novela e começou a seguinte: O Big Brother.
Nunca havia assistido nenhum capitulo desta temporada e resolvi então me permitir (já que era o momento) ficar ouvindo bobagens.
A gente sempre discute o quão real aquilo é. Outro dia uma amigo escutou a psicóloga dos Reality shows dizer que tudo é manipulado.
É, de fato. É tão manipulado que se utiliza das regras mais simples de dramaturgia para fazer parecer real.
Ontem, o episódio era de prova do líder. Aparentemente tratava-se de uma prova de “Alea”, aleatoriedade. No entanto, nos primeiros dois minutos, analisando quem saia e quem se indicava, era previsível que quem ganharia era o “Igor”. Logo ele saiu e em seguida uma amiga dele recebeu a chance de trazer alguém de volta ao jogo e o escolheu. Nesse momento, disse, para mim mesma, mesmo ainda faltando para a prova terminar, “ele é o herói da vez” e, advinha? Ele ganhou e ainda eliminou da prova a que tinha o eliminado no início.
Seria eu uma “Tirésias” da telenovela? Não. Apenas tudo se trata de uma grande novela. Num novo formato. Mas não deixa de ser novela. E, pior, na décima primeira edição, já está tão previsível quanto os folhetins bobos que costumamos assistir e decifrar o enigma já no primeiro capítulo...