domingo, 17 de novembro de 2013

epitáfio de um sem-versos

morreu sozinho o moço esguio
emudeceu quando não podia mais dizer seus versos
a rosa, pálida, perdeu a vontade de ouvi-los
a solidão então o dominou  e ressecou o seu sorriso
não havia mais para quem escrever
não havia o que dizer
era hora de partir
o poeta iria morrer.

des-existindo


Tem dias que a gente acorda com uma vontade imensa de existir.
O grito mudo das paredes,
o silencio das bolinhas que não se enverdecem
dos feeds que não se atualizam
das verdades que insistimos em não ver
a chuva que alaga lá fora
tudo isso nos leva a uma des-existência doentil
que se infinita sobre a nossa pele.
Eis o mistério do des-existecer
algo entre existir e padecer.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Homenagem aos homens fofos

- Você é fofo assim todo dia?
- Só quando chove. Quando não chove eu acordo cedo, abro a janela e te observo dormindo, faço a comida, arrumo a casa, enrolo um cigarro e te dou bom dia! Sirvo um suco de morango, cuido da sua alergia, acaricio o seu rosto e, não importando o quanto de vento adentre pela janela, me aproximo e te faço minha.

domingo, 10 de novembro de 2013

antes tarde do que nunca




Não importa o que aconteça, mas aconteceu.
Feito dia de chuva, levado pelo vento, o amor partiu.
Partiu e não deixou feridas
Encheu meu coração de sorrisos, em vez disso.

Não importa o que aconteça, aconteceria se você tivesse impedido?
Feito tarde de primavera
brisa levando pólen,
o amor partiu.
Não deixou feridas,
abriu portas e janelas, em vez disso.
Fez florescer um jardim menos pálido.
Sem cravos.

Não importa o que aconteça, aconteceu.
Fez que vinha, mas partiu.
Deixou meu corpo esguio.
Encheu-me de esperança e alento.
Pálida e completa sorrio para o vento.