segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Pequena olhadela para o espelho

sobre o cravo e a rosa

Tudo voltará ao normal,
Disse a flor a si mesma, despetalada.
O que o cravo lhe mexia?
Ou: quanto o cravo lhe continha?
A pergunta não calaria jamais.
Tu voltarás ao normal, repetiu
O encontro é só um rebuliço!
Perdido.
Um coração disparado e um batom borrado
De que vale tudo isso, se ainda nem começamos o infinito interminável?
Tudo voltará ao normal,
Debaixo dessa sacada
E também em cima dela,
Depois de qualquer encontro,
O resto é silêncio.
Depois de qualquer encontro, o resto,
Saudade.
E a saudade tá dentro do normal.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Sobre poetas, virgulas e etc

Poetas são aqueles que causam arrepio na espinha a cada vírgula,
e um suspiro estranho em cada verso,
Mexem com nosso imaginário torto e se constroem como heróis sobre os nossos desejos
Amam-nos como bobos da corte: aqueles que divertem, mas nunca se divertem, porque são a própria diversão.
Poetas nos amam em outra dimensão.
E nos ensinam a amar pelo desejo,
a desejar pelo verso e a deixar infinitamente que o amor nos domine,
para além, mas principalmente dentro, da nossa imaginação.
Ah... os poetas! Cheios de facetas tortas e beijos dengosos,
sabem bem onde começa o verso,
onde termina o beijo
e onde se guarda a fonte do desejo.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Fragmento

O tempo se fragmenta
Força frágil que o transforma em dois toda vez que você respira
Força frágil que me divide em duas toda vez que você liga.
O celular toca.
O tempo se fragmenta cada vez que nos divide entre o aqui e o acolá
Mas faz parte do mundo o tempo sem tempo do mundo: o tempo
E os fragmentos.